A 48ª Sessão Ordinária da Câmara Municipal de Franca, realizada na manhã desta terça-feira (2), foi marcada pelo pronunciamento da vereadora Marília Martins (PSOL), que utilizou a Tribuna para tratar de temas ligados ao meio ambiente, liberdade religiosa e, principalmente, ao crescimento da violência contra mulheres e meninas no país.
Ações ambientais e celebração dos 201 anos de Franca
Marília abriu sua fala parabenizando o Grupo Mulheres do Brasil – Núcleo Verdejar, responsável pelo plantio de mil árvores na área da Unesp durante o aniversário de Franca.
Segundo ela, “estivemos lá plantando de 1 mil árvores na área da Unesp, esse pequeno pulmão verde, com certeza vai fazer uma grande diferença ’ reforçando que iniciativas como essa ajudam no enfrentamento às mudanças climáticas e aos eventos extremos já percebidos na cidade.
“Foi um grande presente e quero parabenizar o Grupo Verdejar por essa ação”, completou.
Ato ecumênico
A vereadora mencionou o ato ecumênico realizado na Paróquia São Sebastião, que reuniu diversas tradições religiosas, não religiões e movimentos filosóficos para discutir a intolerância religiosa.
Ela citou a repercussão nacional do caso em que policiais armados invadiram uma escola infantil durante atividades sobre história da África, classificando o episódio como preocupante e simbólico.
Após relatar as discussões do encontro, reforçou o compromisso com ações de combate ao preconceito: “Cada pessoa dentro do nosso país, do Estado laico, tem direito de ter a sua crença e isso não deve ser imposto, em nenhum momento e nenhum espaço público”.
Violência contra mulheres: casos recentes e alerta sobre escalada
Grande parte do pronunciamento foi dedicada ao enfrentamento à violência de gênero, com a vereadora mencionando diversos casos ocorridos no fim de semana, inclusive feminicídios e agressões de grande repercussão.
Ela relatou episódios de extrema gravidade, como o caso de uma mulher e quatro crianças mortas após serem trancadas em casa e incendiadas pelo agressor; a mulher atropelada e arrastada pelo ex-companheiro em São Paulo; e o assassinato de duas professoras do CEFET por um homem que, segundo ela, “não aceitou ter chefes mulheres”. Também citou a prisão de um influenciador conhecido como “Calvo do Campari”.
Segundo Marília, todos esses episódios em um curto intervalo de tempo demonstram a força do ódio direcionado às mulheres e a dificuldade de muitos homens em aceitar a busca por igualdade: “isso tudo só nesses últimos dois dias de final de semana, demonstrando que o ódio às mulheres, colocam as mulheres no lugar delas através da violência”.
Ela ainda mencionou pesquisas sobre desigualdade de gênero, destacou a persistente disparidade salarial e lamentou a rejeição de um projeto de sua autoria na Câmara, que tratava de medidas de combate à violência de raça e gênero.
“O nosso país é o quinto que mais mata mulheres, e mulheres trans, no mundo. O que mais está precisando acontecer?”, questionou.
Reconhecimento e cobrança por políticas públicas
A vereadora também parabenizou o Grupo Mulheres do Brasil pela realização da 8ª Caminhada de Combate à Violência contra Mulheres e Meninas, que reuniu mais de 50 blocos representados.
Ao encerrar sua fala, Marília cobrou ações concretas e recursos públicos para políticas de proteção: “o que a gente espera é que as medidas sejam feitas na prática. E que a defesa do combate à violência para que mulheres e meninas parem de ser violentadas também entrem no Orçamento”.