A Câmara Municipal de Franca realizou uma nova reunião da Frente Parlamentar da Saúde com a presença do diretor da DRS (Diretoria Regional de Saúde) de Franca, Dr. Ricardo Bessa.
O encontro aconteceu nesta quarta-feira (16) no Plenarinho da Casa de leis e teve como foco principal a regulação de urgência e emergência na rede pública, com destaque para a situação da Santa Casa, sobrecarga nos atendimentos e filas por cirurgias eletivas.
Durante a reunião, Dr. Bessa explicou os fluxos do sistema SIRESP, responsável pela regulação de vagas hospitalares no Estado. Ele destacou as classificações de atendimento:
A1 – fluxos e pactos habituais - procedimentos e acordos estabelecidos para direcionais os pacientes os servidos de saúde mais adequados.
A2 – Vaga Zero – utilizada em situações de emergência médica grave, onde a demora da transferência pode comprometer a vida.
A7 – Encaminhado para transferência pactuada – paciente transferido para um serviço de saúde específico.
A8 – Encaminhado para avaliação na referência de complexidade adequada – paciente após uma avaliação inicial foi redirecionado para um serviço de saúde com complexidade de atendimento apropriada para suas necessidades.
Segundo os dados apresentados, a média de solicitações de internação tem aumentado. De maio de 2024 a junho de 2025, a média variava entre 40 a 45 pedidos por dia, mas chegou a 51 em junho deste ano, com picos de até 57.
A taxa de ocupação da Santa Casa frequentemente supera os 100%, e o tempo de transferência dos pacientes do pronto-socorro, que antes era de até 24 horas para 92% dos casos, agora caiu para 82%.
Um dos principais gargalos apontados foi a permanência prolongada de pacientes que já receberam alta, mas não têm para onde ir. Alguns casos ultrapassam 300 dias de internação, contribuindo para o bloqueio de leitos.
Vereadores cobram ações e questionam prioridades
O vereador Marco Garcia (PP) questionou a possibilidade de compra de novas vagas pela prefeitura. Bessa explicou que não há leitos físicos disponíveis e que seria necessário investimento em infraestrutura e aumento da Tabela SUS-Paulista para viabilizar a ampliação.
Outros parlamentares abordaram a fila de cirurgias eletivas. Marcelo Tidy (MDB) cobrou maior interlocução entre as UPAs, UBSs e as famílias dos pacientes.
Marília Martins (PSOL) alertou para a baixa ajuda de custo para pacientes transferidos a outras cidades e questionou a operação do futuro Hospital Estadual. Dr. Bessa respondeu que a unidade deve ser concluída em 2026, com funcionamento gradual e gestão por uma Organização Social contratada via chamamento público.
A vereadora Andréa Silva (Republicanos) questionou se os parlamentares poderiam acompanhar a classificação das vagas. Bessa informou que isso dependeria de autorização do sistema SIRESP. Também foi discutida a possibilidade de mutirões para retirada de cateteres e priorização de cirurgias, definida pelo município.
O vereador Zezinho Cabeleireiro (MDB) criticou o não pagamento de R$ 2,7 milhões em emendas impositivas destinadas à Santa Casa.
SUS-Paulista e investimentos estaduais
Ricardo Bessa ressaltou os esforços do governo estadual, que destinou mais de R$ 5 bilhões para a saúde nos últimos dois anos. A criação da Tabela SUS-Paulista foi destacada como diferencial, com valores que chegam a ser 400% maiores do que os do SUS nacional, dependendo da especialidade.
A reunião reafirmou a importância do debate entre Legislativo, Executivo e gestores da saúde para melhorar o atendimento hospitalar em Franca e região.