Os vereadores se reuniram nesta terça-feira, 2 de abril de 2024, para discussão e votações de projetos na 9ª Sessão Ordinária.
No período da manhã aconteceu o Expediente com as leituras dos documentos e ofícios, além de uso da Tribuna tanto pelos munícipes inscritos previamente e os próprios parlamentares, a partir das 9h.
No período da tarde a partir das 14h, foram debatidas propostas analisadas nas Comissões.
O prédio da Casa de Leis está em reformas e as sessões oficiais do Legislativo continuarão sendo realizadas no Auditório do Uni-Facef com entrada pela Avenida Ismael Alonso e Alonso, 2400, Bairro São José.
Foi aprovado o Substitutivo nº 2 ao Projeto de Lei nº 5/2024 que cria o “Programa Mural AUmigo” no Município de Franca.
A vereadora Lindsay Cardoso (Cidadania) explica ‘a propositura prevê a instalação de um espaço (como um mural ou quadro de avisos) nas pet shops e clínicas veterinárias da cidade para que esses estabelecimentos possam fornecer informações relevantes sobre saúde animal, posse responsável e a importância da castração, entre outros tópicos. O mural também poderia ser utilizado pela própria população, que divulgaria animais perdidos, abandonados e disponíveis para adoção’
‘O objetivo é proporcionar bem-estar aos animais, assim como diminuir a grande quantidade de animais abandonados em nosso município, um problema que se agrava a cada dia que passa’ acrescenta a parlamentar.
A legisladora defende ‘as empresas que aderirem à iniciativa receberão o selo “Empresa Integrante do Programa Mural AUmigo”, a ser concedido pela própria Câmara Municipal de Franca’
PL cria Medalha de Mérito Feminino “Luiza Trajano Donato”
Aprovado também o Substitutivo 04 ao Projeto de Decreto Legislativo 5/2024 que dispõe sobre a criação da Medalha de Mérito Feminino “Luiza Trajano Donato”.
De acordo com a proposta, fica criada a Medalha de Mérito Feminino “Luiza Trajano Donato”, destinada a homenagear as mulheres que se destacaram pelo seu empreendedorismo na área pública e privada.
A homenagem será entregue durante Sessão Solene e será conferida a 5 mulheres, indicadas por unanimidade dos vereadores entre 1º e 15 de dezembro dos anos pares e a entrega em anos ímpares. O autor da proposta comentou ‘essa homenagem será indicada por unanimidade pelos vereadores, e senão houver unanimidade, a outorga não acontece’
Vereadores
O vereador Daniel Bassi (PSDB) autor da proposta fez uso da Tribuna e destacou ‘o nome da Dona Luiza em uma medalha de mérito que traz exclusividade e alegria para aquelas que serão outorgadas. É uma medalha de mérito que a gente tentou fazer com o maior carinho possível destacando toda a biografia da Dona Luiza’
‘Uma das principais empregadoras do país, uma das principais empregadoras de Franca, gera renda, gera emprego, movimenta a economia, é um pilar da nossa cidade, então, não tem como esse Poder Legislativo deixar de eternizar o nome da Dona Luiza’
O parlamentar solicitou a apresentação de vídeo com mensagem da empresária Luiza Helena Trajano agradecendo o vereador e a Casa de Leis pela propositura.
‘Como a ‘Luizinha’ agradeceu, eu agradeço todos os parlamentares dessa Câmara que por unanimidade aprovaram essa eternização do nome da Dona Luiza, o legado e tudo o que ela construiu para a nossa cidade e para o nosso país’ concluiu.
Câmara aprova título de cidadão francano para Delzio Marques Soares
Os parlamentares aprovaram o Projeto de Decreto Legislativo 7/2024 de autoria do vereador Ronaldo Carvalho (Cidadania) que outorga o título honorífico de Cidadão Francano ao Ilustríssimo Senhor Delzio Marques Soares.
Biografia
Delzio Marques Soares Nasci na roça, de parteira. Não muito distante da roça, havia São João Batista do Glória, estado de Minas Gerais, uma cidade grande no nome, mas bem pequena geograficamente, onde também se nascia de parteiras. Nesse sentido, roça e cidade não se distinguiam. Cheguei ao mundo com minha mãe sendo amparada pelas minhas avós Josina e Maria, e pela parteira, dona Joaquina. Segundo minha mãe não dei trabalho para nascer. Nasci rápido, sem traumas. O dia era 1 de fevereiro de 1967.
Na roça não se anseia pelo amanhã, a vida segue e o dia seguinte chega como chega o tempo da plantação e da colheita. O tempo de aprender a ler e escrever chega por volta dos sete anos e então o pai compra o material: um lápis, uma borracha e um caderno pautado, brochura. Caneta não, pois não tem como apagar quando erra.
Caderno tem que ser brochura. Além de ser mais barato que o espiralado, não tem como arrancar folhas. Ir à escola - uma casinha em local desolado -, significa aprender a ler e escrever, mas também ensina a viver: ao percorrer cinco quilômetros a pé, ou montando um cavalo, se aprende a ter autonomia, a ter coragem. Na roça aprender e viver formam um todo orgânico. Natureza e cultura se amalgamam na sobrevivência. Não se fica esperando o dia de ir à escola, ele simplesmente chega. Você obedece ao pai e vai para a escola, a exemplo dos filhos dos vizinhos sitiantes.
Talvez pela falta da expectativa, por falta de uma espetacularização do ato de ir à escola, por esta organicidade, eu tenha pouquíssimas memórias do meu letramento: uma briga de colegas pelo caminho; a professora fazendo a sopa; uma dificuldade de se limpar na privada de fossa... fatos que compõem uma parte dessas pequenas memórias de vivências.
Como tudo correu bem, aos dez anos chegou a quarta série e aí ocorreu a primeira mudança: fui morar com minha avó na cidade de São João Batista do Glória, pois na roça só era possível estudar os três primeiros anos do ensino básico daquela época. Deslumbramento com a nova vida, cujos horizontes se ampliam para a enorme escola “Clotilde de Simone”, por meio da TV na casa da tia, com a convivência com primos e novos colegas e até aprender a andar na bicicleta do tio sem que ele pudesse ficar sabendo. Mas, também, tempo de aprender a lidar com dificuldades de ordem íntima, a conviver com estranhos, com as vitrines das mercearias e padarias, cheias de guloseimas! São muitas tentações para uma criança de bolso vazio, ou melhor, com o dinheirinho contado para custear só o essencial.
Cerca de dois anos depois, quando eu já estava ingressando na 6ª série, por conta do irmão Gilson e da irmã Gilvana, que também precisavam ir à escola, meus pais, Delci Soares da Silva e Denuse Cândida Soares, decidem alugar o pequeno sítio nas Palmeiras e mudar com toda a família para a cidade. Como forma de sobreviver optam por adquirir uma mercearia de secos e molhados, igual àquela do Sr. Oswaldo e Dona Iraci, próxima à casa de minha avó, na qual meu pai havia mantido uma caderneta para que eu comprasse, fiado, o pãozinho de sal pro café da manhã, que me alimentava antes de ir para a escola.
Foi na mercearia, situada na Praça do Cruzeiro, em São João Batista do Glória, denominada Casa Brasil (depois Casa Silva), que minha família se juntou para tocar a vida e ali tive minha primeira profissão aos 12 anos: balconista. Uma boa evolução para quem começou cedo e adquiriu certa experiência nas lidas do curral e das plantações desde os 7 anos de idade.
O trabalho como balconista sempre foi equilibrado com os momentos de estudo e algum lazer, afinal meus pais só deixaram o sítio para dar estudo aos filhos. Ajudar na mercearia era necessário, mas ver os filhos estudando era essencial para meus pais, que não tiveram o mesmo benefício proporcionado a mim e meus irmãos... foram limitados à alfabetização básica. Credito aos sete anos que trabalhei como balconista, como aqueles que ajudaram a moldar o ser humano que me tornei: atrás de um balcão aprendi a me relacionar e respeitar todas as pessoas na sua condição e diversidade; aprendi noções básicas de comércio; conheci pessoas que me inspiraram, de diferentes formas, nas questões da cultura e das artes.
Terminado o ginasial, mais um passo a distanciar-me da roça. Passo a, diariamente, tomar o ônibus ao final do dia, cruzar o Rio Grande, por balsa, e ir estudar em Passos, “cidade grande” e referência de urbanidade para os glorienses por muitos motivos. Para mim, era porque lá tinha as escolas do terceiro grau, onde fui cursar o colegial. Entre 1982 e 1985, frequentei o Colégio Estadual Profa. Julia Kubitscheck, com a mesma avidez com que frequentei o Cine Roxy, as livrarias da Praça da Matriz e as bancas de revistas, que naquela época pipocavam por todo lado. Tempos difíceis por conta dos demorados traslados entre as cidades, muitas vezes impedidos pela situação caótica da estrada de chão enlameada que ligava as duas cidades e um rio Grande, nome condizente às enchentes anuais que muitas das vezes impediam a balsa de navegar. Tempos felizes, de paqueras, dos primeiros shows musicais que pude assistir e, mesmo com recursos financeiros muito limitados, poder comprar a Folha de São Paulo, livros que iam muito além daqueles indicados pelos professores e revistas sobre cinema e música, que abriam meus horizontes enquanto ainda não era possível adquirir os caros LPs vendidos na Bijú Discos, especialmente considerando que não tinha sequer o toca-discos.
Se podia flanar sem compromisso pelas diferentes manifestações culturais, o mesmo não acontecia com o futuro profissional. É nessa fase que o estudante tem que fazer escolhas, com vistas a atuar profissionalmente, e essas escolhas que já não são fáceis para aqueles a quem nada falta, para aqueles que, como eu, vivia com o mínimo, as decisões sobre o que ser no futuro, dependia essencialmente do que era possível ser pago. Vivi a difícil realidade daqueles que frequentam a escola pública e, por falta de recursos pra fazer cursinhos opta por cursos nas universidades privadas, cuja demanda por vagas é menor.
Não me recordo, exatamente, a origem do meu interesse por tecnologia e microinformática, mas ele surge no meio das muitas descobertas paralelas aos estudos do colegial, quando lia nos jornais sobre a incipiente indústria da informática no Brasil, que àquela altura dava-se de forma equivocada em torno da defesa de uma reserva de mercado, num país sem a menor estrutura tecnológica. Eu não tinha uma percepção macroeconômica, mas pude ver na programação de computadores um futuro promissor, tanto que em 1984, por iniciativa própria, começo a colecionar os 24 fascículos de uma publicação da Rio Gráfica Editora, que li ávida, mas arduamente, considerando a falta de repertório para entender todo aquele conteúdo. Por aquela época começou a pipocar, nas cidades maiores, as escolas de informática, que ofereciam cursinhos de programação e uma delas, de Franca, apareceu no meu colégio, no primeiro semestre de 1985, oferecendo “bolsas de estudo”, num pacote que incluía mensalidades e material. Por ser ao final de semana, com um custo razoável, convenci meu pai a me deixar fazer o curso, argumentando que em Franca haviam tios que podiam me dar comida e um eventual pouso.
Encantado com todo esse universo, calha de minha mãe receber uma pequena herança e generosamente dedica uma parte dela aos 3 filhos. Não tive dúvidas sobre o que fazer com a minha parte: investi em um microcomputador. Como não havia lojas desse ramo na minha região, convidei um amigo para me acompanhar em uma primeira viagem a São Paulo, munido apenas de anúncios de lojas e equipamentos que investiguei em revistas e jornal. Desembarcamos no metrô Anhangabaú e após circular por algumas lojas acabamos por entrar no Mappin. Lá encontrei o microcomputador que cabia no meu orçamento: um TK90X, recém-lançado naquele segundo semestre de 1985, pela Microdigital. O modelo era bem simples e mais se parecia com uma grande calculadora, que se conectava a uma TV de 14 polegadas, incluída no pacote, pois na nossa casa ainda não tínhamos TV colorida. Os programas tinham que ser gravados em fitas cassete, uma questão a ser resolvida posteriormente.
Aquele segundo semestre de 1985 foi muito tumultuado, acumulando estudos para concluir o colegial, fazer o cursinho de informática em Franca no final de semana, ajudar na mercearia e o mais traumático: decidir o que fazer com os estudos no próximo ano. Ainda que meus pais tivessem feito todos os sacrifícios para me proporcionar estudos, havia a sinalização de que não poderiam ir muito além do colegial, considerando os altos custos de uma faculdade e despesas com moradia fora de casa.
Entretanto, todo aquele envolvimento com a microinformática, levou-me a desejar e considerar a possibilidade de cursar uma faculdade na área. Nas idas a Franca para o cursinho, descobri a Unifran, que ofertava o curso Tecnologia em Processamento de Dados. Aquilo deu o maior match, pois era uma universidade que eu tinha chances de entrar, numa cidade não tão distante do Glória e na qual eu tinha tios, que eu já visitara anteriormente, e poderiam me hospedar em regime de pensão. Estes foram os argumentos que levantei para negociar com meu pai. Eu tinha plena consciência dos impactos desta decisão, pois além dos valores financeiros envolvidos meu pai não mais poderia contar com minha atuação na mercearia, àquela altura com funções ampliadas à de simples balconista. Meus argumentos, aliados à compreensão e apoio que sempre tive de meu pai, surtiram efeito, especialmente considerando o que ofereci em contrapartida: procurar um emprego e trabalhar durante o dia, uma vez que o curso era noturno.
Após passar pelo processo seletivo, em fevereiro de 1986 chego em Franca, matriculado na Unifran e com pensão acertada com a minha tia Izaura, uma gloriense que após ficar viúva, mudara-se com os filhos para Franca, alguns anos antes. Com ela - uma das pessoas mais humanas e generosas que conheci por toda a vida -, eu viveria os próximos 3 anos, enquanto durou a minha faculdade, numa casa muito simples na Rua Major Duarte.
Os dias da semana dos 6 primeiros meses em Franca foram basicamente devotados aos estudos e a busca por emprego nos jornais. Chegando o final de semana, eu acordava cedo no sábado e ia para o trevo da cidade tentar pegar uma carona, pelo menos até Passos, tanto para economizar na passagem quanto para chegar mais cedo na casa de meus pais, em São João Batista do Glória, para ajudar na mercearia. Quando não conseguia carona, pegava o ônibus da Viação Presidente, que ia parando em todas as cidades próximas ao trajeto que levava a Passos. Voltava a Franca nas segundas, a tempo de ir para a faculdade à noite.
Chega agosto de 1986 e a primeira oportunidade real de emprego me é proporcionada por intermédio de um primo, filho da tia Izaura, que leva um currículo meu para o departamento de pessoal da AGABÊ Calçados. Sem saber exatamente qual seria a vaga, sou convidado para uma entrevista, que me pareceu bastante tranquila. Poucos dias depois sou informado de que fui selecionado para trabalhar como auxiliar de escritório no departamento de vendas da empresa. Sem qualquer registro anexona carteira de trabalho até então, hoje fico pensando sobre qual item das “qualificações” do meu currículo teve maior relevância para me escolherem: o tempo que trabalhei de balconista, estar cursando faculdade ou o curso de datilografia comprovado com o certificado anexo ao currículo.
Feliz com a oportunidade de trabalho, a contrapartida foi a mudança drástica na minha rotina: acordar por volta de 6h, me arrumar e caminhar por cerca de 20 minutos até a fábrica a tempo de tomar um café com pão e manteiga e começar a trabalhar às 6h45; às 11h voltar em casa para almoçar e estar de volta ao trabalho às 12h30; sair às 17h, correr até em casa, tomar banho, jantar e pegar ônibus na Av. Presidente Vargas para chegar na Unifran até 19h, de onde voltaria em torno de 23h30. Naquela época já haviam os ônibus que transitavam com funcionários da empresa, porém estes não me eram muito convenientes em função dos trajetos demorados que faziam. Os ônibus da empresa São José, que eu pegava para ir à faculdade, tinham trajetos generosos, daqueles que levavam os passageiros pra conhecer toda a cidade antes de chegar ao destino, tanto na ida quanto na volta.
Essa rotina se deu por todo o tempo em que estive na Universidade. O alívio vinha, esporadicamente, quando pegava carona com um amigo, professor Regnério Terra (Neto), docente do curso de Arquitetura, com quem fiz amizade por conta de outro amigo. Essas caronas encurtavam o tempo de ida e volta da Unifran. Mas, mais importante que isso, me aproximou dessa pessoa especial, um professor que nunca me deu aulas, mas que se tornou referência para a minha vida, em termos de cultura, ética e amor à docência. É meu amigo até hoje.
Por conta dessa rotina intensa, começam a minguar os finais de semana com viagem para a casa de meus pais. Na maioria deles eu permanecia em Franca, na casa e pensão de minha tia, para estudar e fazer trabalhos da faculdade. Isso foi naturalmente me distanciando de minha cidade natal e sinalizando a tomada de outras medidas que me conduziriam a uma condição de cidadão francano: a transferência do título de eleitor foi a primeira, a aquisição de uma casa para morar foi a segunda. A perspectiva inicial, ao vir para Franca, era cursar a faculdade e daqui seguir adiante, rumo à capital paulista, o grande centro, onde as oportunidades de trabalho na área de tecnologia pareciam-me mais amplas. Entretanto, pouco antes de terminar a faculdade, em dezembro de 1988, minha percepção sobre Franca já estava sedimentada, era aqui que eu queria construir a minha vida. Isso de deu por muitos motivos, alguns inerentes à própria cidade, como o clima, a qualidade de vida e perspectivas profissionais; outros por questões pessoais, como a proximidade de minha família e as incertezas de se viver em uma metrópole. Se a transferência do título de eleitor foi algo simples, a aquisição de uma casa em Franca não. Além de questões quase incontornáveis para um adulto de apenas 21 anos, pouco inexperiente em questões imobiliárias, a maior barreira estava vinculada aos recursos financeiros. Aliando coragem, sorte e amizades, e graças a um investimento feito por meu pai, anos antes, cujo lucro foi repartido entre mim e meu irmão - como recompensa pelo nosso esforço em um período de intenso trabalho como balconistas -, esse valor serviu de entrada para o investimento em um imóvel cujo financiamento, pela Caixa Econômica Federal, poderia se estender por 25 anos. Estas eram as condições e perspectivas que se abriam para mim, ao iniciar o ano de 1989, com um diploma na mão e plantadas as raízes que me tornaram o cidadão francano, motivo maior deste perfil biográfico, que a partir daqui para escrever em forma de tópicos.
AGABÊ CALÇADOS
Credito à AGABÊ uma importância tão grande para a construção de minha vida em Franca, quanto essa fábrica foi para o desenvolvimento da economia dessa cidade e do setor calçadista. Lá entrei, no meu primeiro emprego, em 1986 e só me desliguei definitivamente dela em 2015, quase 30 anos depois, quando ela fechou as portas em definitivo. Foi graças à estabilidade que senti ao começar a trabalhar na empresa do Sr. Hugo Bettarello (HB-AGABÊ), que me encorajei e enfrentei o financiamento de 25 anos para a aquisição da minha casa (ainda que eu o tenha quitado com pouco mais de 10 anos!). Ali comecei atuando como auxiliar de vendas e cheguei a Gerente de Administração de Vendas pouco tempo depois, quando passei a coordenar uma pequena equipe interna e outra externa com mais de 30 representantes comerciais que atuavam em todo o território nacional. Sob a direção do sócio José Henrique Bettarello, (e de Miguel Heitor Bettarello, a partir de 2006), participei e ajudei a organizar todas as feiras de negócios do setor calçadista, entre elas a Couromoda e a Francal. Nesses eventos, além de atuar no atendimento aos clientes e suporte aos vendedores, ficava sob a minha responsabilidade organizar as convenções e os eventos de treinamentos dos representantes, em especial aqueles relacionados à implantação ou atualização de sistemas de informática. Por conta da minha formação em Processamento de Dados, contribui para a introdução de equipamentos de microinformática no departamento de vendas e para o desenvolvimento de todos os seus sistemas de gestão, atuando como interlocutor entre a direção e o Centro de Processamento de Dados (CPD).
Permanecer em uma empresa por tantos anos pode parecer anacrônico, mas na verdade não posso dizer que “permaneci” nesse sentido que remete a algo estático, pois lá não houve um ano sequer sem que novas oportunidades de desenvolvimento e crescimento profissional me fossem oferecidas, para além do departamento de vendas e suas extensões, que são o desenvolvimento de produto e o marketing. Atuei interfaciando com outros departamentos entre eles a contabilidade, as compras, lojas da fábrica e, claro, com o setor de tecnologia. Essa atuação transversal me proporcionou uma visão empresarial sistêmica, trafegando do operacional ao institucional, com habilidades inclusive para representar a diretoria, em diversas ocasiões, junto a entidades como o Sindicato da Indústria e a Associação Comercial de Franca.
No âmbito pessoal, foi nesta empresa que encontrei o motivo maior para permanecer em Franca: a minha esposa Águeda, que conheci quando lá entrei e nos casamos em 1999, alguns anos após ela ter ficado viúva.
FOTOGRAFIA
Meu envolvimento com a fotografia remonta a 1995, quando conheço Paul Pears, um fotógrafo de origem britânica que vivia em Franca e com quem começo a ter aulas de conversação em inglês. Ainda que o objetivo fosse aprender a língua, nos nossos encontros os assuntos sempre giravam em torno da fotografia. Isso acabou por nos levar a uma parceria, na qual pude aprender bastante, porém sem grandes pretensões quanto a atuar como fotógrafo profissional. Uma mudança de perspectiva começa a acontecer em fevereiro de 1999, quando ganhei uma câmera semiprofissional para fotografia clássica baseada em filme, um presente de aniversário daquela que nesse mesmo ano se tornaria minha esposa. Sem qualquer previsão de abandonar minha atuação na AGABÊ, a fotografia, até então um hobby, logo começou a dar frutos com a procura de meus serviços, por amigos e familiares, para fotografar os mais diversos tipos de eventos sociais. Vislumbrando a possibilidade de uma segunda profissão, para atuar nos finais de semana, começo um processo de profissionalização no ano 2000, fazendo cursos e participando de workshops relacionados aos diferentes gêneros fotográficos. Em 2006, em vista das demandas e já com uma boa experiência, migro para a fotografia digital e abro o estúdio Delzio Marques Fotografia, constituindo uma empresa. Torna-se, assim, insustentável trabalhar durante a semana na AGABÊ Calçados e tocar o estúdio somente em horário não comercial. Pouco tempo depois, num acordo quase impensável, negocio meu horário de trabalho na AGABÊ para somente o período da manhã, uma vez que a empresa também já entrava num processo de desaceleração de sua produção, o que levaria ao seu fechamento nos anos seguintes.
Em resumo, desde 1999 venho constituindo uma carreira como fotógrafo profissional que contribuiu para o registro de inúmeros eventos sociais e corporativos em Franca e na região.
Paralelo aos trabalhos com a fotografia comercial, dediquei-me ao longo dos anos a um outro gênero fotográfico: a fotografia de música e espetáculos. Iniciou-se como exercício, fotografando shows de grandes nomes da música popular brasileira aos quais eu assistia. O primeiro deles foi do cantor e compositor Djavan, no Castelinho. Feliz com o resultado, fotografar os shows tornou-se uma maneira complementar de ouvir a música, isto é, passei a “fotografar os sons que eu via” na expressão e na performance dos artistas. Uma série de outros shows se sucederam: Milton Nascimento, Elza Soares, Zeca Baleiro, Caetano Veloso, Beto Guedes, Marisa Monte e tantos outros.
Frequentador dos eventos e shows dos artistas francanos, em espaços culturais e casas noturnas, muito rapidamente comecei a fotografar e me envolver com a cena musical local, fazendo diversas amizades. A fotografia serviu como meio de aproximação com esses músicos, pois eu compartilhava com eles, gratuitamente, as fotografias que eu fazia. De fato, considero essa uma das minhas principais características enquanto agente cultural, pois além de prestigiar os eventos pagando ingresso ou couvert, fazia questão de fotografá-los e posteriormente compartilhar o resultado. Quando comecei, com a fotografia baseada em filme, cheguei a imprimir fotos para presentear aqueles músicos. Contribuir com a carreira do artista e com a cultura local, sempre foi a minha principal intenção ao proceder desta maneira.
Considero novembro de 2001 como um grande marco da minha carreira, não só como fotógrafo de música, mas como fotógrafo que se dedica à música produzida em Franca. Foi neste mês que fotografei o grande maestro Laércio de Franca pela primeira vez. Lendário por sua grande orquestra de bailes nos anos 60, 70 e 80, naquele mês ele se encontrava em estúdio, gravando o que viria a ser seu primeiro CD, o sucessor do único LP que ele havia lançado em 1962, com sua histórica Orquestra Laércio de Franca. De uma maneira informal e não comissionada, fotografei o veterano maestro e seu irmão Miroel, no estúdio, ensaiando, tocando e interagindo com diversos músicos que ali estavam para contribuir com as gravações. Entre esses músicos, todos muito jovens, estavam Helton Silva, Eduardo Machado, o hoje internacional Diego Figueiredo e Afonsinho Nóbrega, produtor e proprietário do estúdio. As fotografias feitas naquela sessão de gravação foram o cartão de visita para eu me aproximar do maestro, que ao ver as fotografias me pediu para usá-las no encarte de seu CD, o que prontamente autorizei.
A essa primeira incursão se sucederam fotografias de shows de Helton Silva no Teatro Municipal de Franca e algumas jam sessions (apresentações de música instrumental), nas noites de terça feira no bar Picanha na Tábua.
Em 2002 é inaugurada, em Franca, a Livraria e Sebo Almanaque, que passo a frequentar como consumidor de livros e colecionador de álbuns musicais. Nesse espaço tem início duas parcerias mediadas pela minha fotografia. Uma delas com a própria loja, que teve a iniciativa de criar o projeto “Palco Almanaque”, com vistas a abrir o espaço da loja para as mais diversas manifestações artísticas, tais como lançamentos de livros, saraus literários e apresentações musicais, sempre gratuitas. Desde sua inauguração, e até hoje, estive presente e fotografei mais de 50 shows e apresentações desse projeto. Além de fazer a fotografia, também contribui na organização de muitos desses eventos.
A convivência com os frequentadores da Livraria e Sebo Almanaque também proporcionou a minha aproximação com os músicos da banda de rock The Wanteds. Formada por jovens francanos que se conheciam desde a infância, esta banda tinha lançado seu primeiro CD quando os conheci em 2002. Muito talentosos, eles conseguiram a proeza de lançar um CD com recursos próprios, composto por canções autorais de qualidade, cantadas em inglês, emulando as bandas britânicas que cultuavam, como The Beatles e The Rolling Stones. Uma das minhas características enquanto apreciador de música é que prezo pela diversidade estilística. Meu gosto musical vai do rock ao jazz, do samba ao rap, do erudito ao popular, e me permito apreciar música, e outras formas de arte, sem me limitar por qualquer tipo de barreira ou fronteira. Embaso esse gosto num trabalho de pesquisa que me permite distinguir as manifestações artísticas originais daquelas produzidas meramente por questões comerciais. Dessa forma, fiquei encantado com a música cheia de vitalidade do The Wanteds e com uma enorme vontade de apoiálos. Tornei-me assíduo aos seus shows, assistindo e fotografando. Foram vários shows e um deles, no Teatro Municipal, em agosto de 2004, foi gravado e lançado como um CD ao vivo, em tiragem limitada. Esse CD, teve sua arte gráfica baseada nas minhas fotografias e agenciei a designer que a produziu. Desde então, somam-se 20 anos de apoio, com muitos shows registrados e produção fotográfica de outros 3 CDs lançados pela banda. Para o CD de 2006, “Anthem of a Dream”, fiz a fotografia. Para o lançamento de 2012, “Cold Magic Tales”, fiz a fotografia e todo o projeto gráfico. “Ceremony”, o último CD lançado em agosto/2020, conta com a minha fotografia e direção de arte.
Como decorrência de minha aproximação com o maestro Laércio de Franca e de uma amizade pregressa, quando em 2007 o músico Helton Silva começa os trabalhos para a produção de seu primeiro CD, faço as fotografias dele no meu estúdio e dessa forma começa o meu envolvimento com o projeto “Quinta Jazz”, no ano seguinte. Idealizado por Helton e Eduardo Machado, esses shows eram realizados às quintas feiras no bar Noite Nossa, e numa segunda fase no Pub Zé Brasil, com acesso do público baseado em um couvert modesto, que era repassado aos músicos. O “Quinta Jazz” consistia em apresentações de combos de músicos francanos e convidados das mais diversas regiões do Brasil, muitos de renome nacional e internacional. Essa iniciativa proporcionou, por quase 10 anos, um espaço de troca e convívio musical para uma enorme gama de músicos e instrumentistas francanos. Entre os shows, sessões de gravação, ensaios fotográficos em estúdio ou externa para artes de CDs, somam-se 90 eventos fotografados de 2007 até hoje. Além dos idealizadores Helton e Eduardo, estão entre os fotografados inúmeros nomes da música francana, entre os quais posso citar: Marcos Prado, Erlindo Morato, Gil Reis, Diego Randi, Fernando Rast, Marquinho Sabino, Afonsinho Nóbrega, Beto Sápio, Tales Wesley, André Bolela, banda General Blues, o grupo Oripe e Laércio de Franca e seu irmão Miroel Piovesan. Músicos nacionalmente conhecidos: Robertinho Silva, Yuri Popoff, Marcio Bahia, Marcelo Martins, Victor Biglioni, Budi Garcia, Arthur Maia, Jessé Sadoc, Jorge Helder, Dudu Lima. As fotografias desses eventos foram publicadas nas páginas do projeto Quinta Jazz nas mídias sociais, assim como ilustraram diversas matérias na revista Mérito Regional e outras publicações.
Diversos CDs foram gravados e lançados pelos músicos que frequentaram o “Quinta Jazz” nesse período, e vários deles tiveram o projeto gráfico baseados nas fotografias feitas por mim. Cito alguns:
· Helton Silva – “Mais perto/closer” (2010): fotografias no encarte. “ONE” (2015): fotografia de capa, encarte e projeto gráfico. “Um trem pra Minas”: toda fotografia e projeto gráfico. (Trabalhos não comissionados)
· Eduardo Machado: “União 2” (2016): fotografia de capa e contracapa. “Málagma” (2019): fotografia de capa e contracapa. (Trabalhos comissionados)
· General Blues: “Space Blues” (2013): fotografia da contracapa. (Trabalho comissionado)
· Oripe: “Novos Rumos” (2015): fotografias internas. (Trabalho comissionado)
Em 2009 me envolvi com outro projeto de grande importância para a cultura francana, agora no universo da música erudita. Nesse ano conheci o maestro Nazir Bittar, que estava iniciando os seus trabalhos, como regente e diretor artístico, à frente da Orquestra Sinfônica de Franca. Sensibilizado com os anseios artísticos do maestro e sua arrojada proposta para criar uma cultura de música de concerto na cidade, tomei a iniciativa de fotografar os espetáculos e compartilhar as fotografias. Desde então, foram mais de 40 eventos fotografados, desde os concertos propriamente ditos, até fotografias em estúdio tanto do maestro, quanto dos músicos da orquestra ou do Ensemble Vocal OSF. A fotografia oficial do maestro Nazir Bittar, que ilustra, desde os programas da orquestra até sua divulgação na mídia, foi feita, gentilmente, por mim. As fotografias dos concertos ilustraram inúmeras matérias na revista Mérito e outras publicações.
Além desses artistas e projetos acima citados, que fotografei de maneira mais sistemática, prestigiei ainda diversos outros músicos ou eventos francanos, entre os quais cito:
· Paulo Gimenes (Tio Paulão) – Depois de fotografá-lo por algumas vezes no projeto “Palco Almanaque”, ele me prestigiou e contratou para fotografar seus shows no Teatro do SESI, em 2014 e 2015 e no Teatro Judas Iscariotes, em 2017.
· Labaq (Larissa Baq) – Em janeiro/2015 fotografei seu show com Elen Oléria, no Teatro do SESC-RP. Por um bom tempo as fotografias desse show foram usadas pela cantora para divulgar seu trabalho, tanto em posts das suas mídias sociais, quanto na imprensa escrita. Em dezembro daquele mesmo ano, fotografei sua apresentação no IPRA, em Franca. No ano seguinte, fotografei o show de lançamento, em Franca, de seu primeiro CD “VOA”.
· Shake, Shake, Shake – Fotografei quatro eventos idealizados pela Eliara Alvez, sendo dois deles com a banda Cohiba. Postados na minha página, estas fotos foram compartilhadas pela banda. Fotografei também o evento “Radio Shake”, em dezembro/2015, promovido pelo radialista Alcântara no espaço Shake. Esse evento abriu espaço para apresentação de cinco artistas francanos, entre eles as bandas “Androides” e “Clube dos Bagres”. No ano seguinte, em junho/2016, fotografei o show do rapper Criolo, no espaço Villa Eventos, promovido pelo projeto Shake.
Assim como não busquei remuneração ao fotografar shows e espetáculos, também não busquei formas de reconhecimento oficial para todo esse trabalho, que relatei parcialmente aqui. Entretanto, devo ressaltar quatro acontecimentos que considero como reconhecimentos dessa atividade:
1) Em 2015, ao ser indicado para preencher uma vaga de professor de fotografia no curso de Design Gráfico, na UNIFRAN foi o portfólio de fotografia de música que apresentei e me qualificou para o cargo, que exerço até hoje.
2) Em agosto de 2016 forneci, ao SESC Ribeirão Preto, uma seleção de fotografias do maestro Laércio de Franca, que foram utilizadas em uma homenagem que a instituição prestou a ele, no Teatro Municipal de Franca. Pela cessão das fotografias recebi um cachê.
3) Em 2016 tive o desejo de fazer uma exposição fotográfica, para apresentar um resumo do meu acervo de 15 anos de fotografia no universo da música. Entre as muitas possibilidades de recorte temático, optei por dar um sentido mais amplo para a exposição e torna-la, também, uma homenagem ao octogenário maestro Laércio de Franca, que, apesar da saúde debilitada, permanecia em atividade, mas pouco ou nada reconhecido pelas novas gerações. Dessa forma, montei a exposição “Laércio de Franca – o som que eu vi”, apresentando uma seleção de 32 dessas fotografias em preto e branco, finamente impressas e emolduradas, com um projeto expográfico adequado ao salão principal da Casa da Cultura e do Artista Francano “Abdias do Nascimento”.
Dividida em dois blocos conceituais, “HISTÓRIA” E “EXPRESSÃO”, a exposição mostrou o maestro como um grande artista, que, mesmo com poucas apresentações nos anos pós orquestra, era cultuado pelos jovens músicos e instrumentistas francanos. Na cerimônia de abertura presenteie o maestro com um fotolivro com as fotografias da exposição. Ao seu irmão Miroel, saxofonista e parceiro de toda uma vida, presenteie com uma ampliação de uma fotografia de ambos. O auditório lotado contou com a participação de familiares do artista, assim como músicos, amigos e autoridades, entre eles o então prefeito Alexandre Ferreira. A celebração da abertura da exposição deu-se em forma de uma jam session no Pub Zé Brasil, onde mais de 15 músicos se revezaram no palco, tocando com e para Laércio. A exposição, gratuita, ficou aberta a visitação por 40 dias, entre outubro e novembro, e foi vista por mais de 600 pessoas, inclusive por alunos e professores do EMIM, que foram guiados por mim. Totalmente financiada por recursos próprios, com pequenos apoios de amigos, a exposição serviu como última homenagem ao maestro, que faleceu no ano seguinte. Importante registrar também que a iniciativa da pintura do maestro, que adorna um dos painéis da parede externa da Casa da Cultura, se deu em paralelo à montagem da exposição e foi inaugurada no mesmo dia. Uma das fotografias da mostra serviu de base para a pintura. Considero esta exposição altamente relevante para o cenário cultural francano, pelo que ela significou para a imagem do maestro, trazendo à baila o nome de um talento pouco lembrado. A exposição foi noticiada nas principais revistas da cidade, bem como em entrevistas que dei ao rádio e à TV local. O reconhecimento de Laércio, seus familiares e dos músicos envolvidos, chegaram a mim por meio das mais diversas manifestações de gratidão. Outro fator que atesta a importância desse trabalho, reside no convite que recebi para remontar esta exposição no SENAC, em junho/2018, por ocasião da celebração dos 30 anos da instituição em Franca. Mesmo não tendo um espaço expositivo próprio, o SENAC se dispôs a adaptar o local que eu escolhi, onde montei o bloco conceitual “EXPRESSÃO” com 16 fotografias. No mesmo período, recebi outro convite para remontar a exposição no Curso Acervo Cultural e lá expusemos o bloco “HISTÓRIA”. Dessa forma, expandimos a visibilidade da mostra, que permaneceu mais 60 dias em exibição, dividida em dois espaços, frequentado majoritariamente por estudantes, que nunca tinham ouvido falar de Laércio de Franca. As 32 fotografias, assim como parte da repercussão da exposição podem ser vistas na página
https://www.facebook.com/laerciodefrancaosomqueeuvi.
4) Em 2017 fui convidado pelo músico e compositor francano Beto Eliezer, para coordenar um projeto musical, envolvendo o relançamento de dois álbuns gravados por ele na década de 90 e o lançamento de novos álbuns. Esse projeto foi finalizado em maio/2019 e consiste em um box set, intitulado “Liszten to Beto Eliezer”, contendo quatro CDs, um livreto de 36 páginas e um pen drive com as músicas no formato digital. Idealizado por mim como uma embalagem no tamanho 31x31 cm, que remete a um álbum em vinil, nele contribuí com a fotografia, textos, direção de arte e coordenação geral, que envolveu produção de videoclipes, lançamento em plataformas digitais e organização de shows de lançamento. Considero este trabalho, para o qual fui comissionado, como a coroação dos muitos anos que dediquei à fotografia e à cultura musical. Ter sido escolhido parceiro pelo exigente músico Beto Eliezer - para quem já havia fotografado em projetos menores -, foi uma forma de reconhecimento do valor do meu trabalho como fotógrafo de música e espetáculos.
Ao longo desses mais de 20 anos de carreira, fiz cerca de 400 sessões fotográficas - distribuídas entre shows, sessões de gravação, ensaios em estúdio ou externa -, e 80% delas estão relacionadas com os artistas ou eventos da cidade de Franca.
Só pude fotografar o universo da música - 95% das vezes gratuitamente -, porque atuo como fotógrafo de casamentos e eventos sociais, mediante contrato remunerado. Muitos dos poucos horários de lazer noturno que a profissão de fotógrafo social permite, passei prestigiando e fotografando shows e espetáculos musicais. Por outro lado, sem o suporte da fotografia comercial e outras fontes de renda, isso não teria sido possível, pois de uma maneira geral, os orçamentos de shows e espetáculos produzidos pelos artistas francanos são sempre muito restritos e raramente comportam comissionar um fotógrafo profissional.
Quase tudo o que fotografei no universo da música foi aproveitado no seu tempo, apoiando e divulgando os artistas. No entanto, esse acervo fotográfico que foi constituído, ainda tem muito o que ser explorado, como memória e valorização da cultura de nossa cidade. A partir dele pretendo fazer outras exposições e projetos editoriais, com inúmeros recortes possíveis.
ROTARY
Meu primeiro contato com o Rotary remonta à época que estudava em Passos/MG e aos eventos culturais que aconteciam num espaço chamado Teatro Rotary. Ali pude ver peças teatrais e espetáculos num local que tinha a roda rotária e outros elementos visuais desta organização internacional. Ao começar a trabalhar na AGABÊ logo fiquei sabendo que o Sr. Hugo era rotariano, assim como seus filhos. Esporadicamente ficava sabendo de algum evento ou trabalho social executado por eles.
Em um certo dia do ano 1998, entra no fax do departamento de vendas a divulgação de um intercâmbio para profissionais, nos Estados Unidos. Destinado ao meu diretor, ao entregar-lhe o fax, ele me pergunta se eu não gostaria de participar do processo seletivo para aquele programa, já que eu estava fazendo curso de inglês e estava dentro da faixa etária estabelecida. Aceitei o desafio e me preparei para as avaliações. Fui selecionado, junto com mais três candidatos, e formamos uma equipe, que viajou por 30 dias, entre maio e junho de 1999, por diversas cidades no estado de Wisconsin, conforme as diretrizes do programa Intercâmbio de Grupos de Estudos, patrocinado pela Fundação Rotária. Essa experiência contribuiu para a minha formação pessoal e profissional de diversas formas: aprimorei o meu inglês, tomei contato com uma cultura totalmente diversa, fiz amizades que cultivo até hoje e, acima de tudo, me conectou com o Rotary, uma instituição secular que desenvolve projetos humanitários no mundo todo, Brasil inclusive.
Ao voltar do programa fui convidado a associar-me ao Rotary Club de Franca Norte – clube patrocinador, pelo qual eu havia me inscrito ao IGE. Devido algumas questões pessoais, não pude me associar de imediato. Isso de certa forma foi providencial, pois dois anos depois fui convidado a participar da fundação de um novo Rotary Club em Franca. Essa inciativa me encantou, considerando que na composição do quadro associativo estariam outros alumni, isto é, ex-participantes de programas patrocinados pelo Rotary com perfis profissionais que se assemelhavam ao meu. Dessa forma, em maio de 2001, foi fundado o Rotary Club de Franca Novas Gerações e, para minha alegria, fui escolhido para ser presidente fundador. Consciente das responsabilidades do cargo e altamente motivado pelo senso de gratidão à oportunidade que eu havia tido dois anos antes, passo a liderar esse grupo de 25 profissionais, que formou o clube. Contando com o apoio dessas pessoas, também tocadas pelo espírito de servir, estabelecemos uma agenda de projetos e serviços que se estenderiam pelos próximos 13 anos, na cidade de Franca e no mundo. Nesse período atuei em todas as comissões de serviço do clube e fui presidente uma segunda vez, no ano rotário 2011/2012. Em 2014, o Rotary Club de Franca Novas Gerações decide encerrar suas atividades, devido a uma crise no desenvolvimento de seu quadro associativo, àquela altura reduzidos a 8 associados, número insuficiente para tocar todos os projetos com os quais estava envolvido. Encerrou-se um clube de serviço que deixou um legado para as comunidades local e internacional, bem como uma experiência de voluntariado para as muitas pessoas que a ele estiveram associadas em algum momento.
Desde a minha participação no IGE, passei a cultivar o ideal de servir e a acreditar na importância do Rotary enquanto instituição que promove a paz e presta serviços humanitários relevantes no mundo todo. Sem que isso mudasse com o passar dos anos e à medida em que ia conhecendo cada vez mais a instituição, fui desenvolvendo atividades que me colocaram em posição de liderança, não apenas no clube, mas também no distrito 4540 (região geográfica do estado de São Paulo e Minas Gerais, cujas cidades possuem clubes rotários, inclusive os de Franca). Assim, ao fechar o Novas Gerações não me conformei em deixar o Rotary e naquele mesmo ano de 2014 me envolvi na fundação de um outro clube, desta vez de reuniões virtuais e com associados não só de Franca, mas de todo o distrito: o Rotary E-Club do Distrito 4540. Uma experiência inovadora e desafiadora em muitos sentidos, à qual sigo contribuindo até hoje. Ainda que sua capilaridade seja menor, o E-Club é hoje um formato de Rotary Club que atende à minha atual condição profissional.
Como exemplo da minha atuação rotária, cito:
1) Centro Comunitário do Jardim Paulistano – já no início da minha gestão como presidente no Novas Gerações, propus ao clube estabelecermos uma base onde pudéssemos desenvolver um projeto comunitário de longo prazo. Com a anuência do conselho, saí a procura de centros comunitários e entre os três que me foram indicados pela Secretaria de Ação Social, encontrei e adotamos o do Paulistano, que naquela época consistia em um pequeno prédio, meio abandonado no meio de uma grande voçoroca, tocado de forma rudimentar pelo Marcos Felizardo, um idealista, morador do bairro. Ainda que com toda essa precariedade, notei lá um grande potencial, tanto humano quanto ambiental, o que veio a se confirmar nos próximos 13 anos que lá atuamos. Já no primeiro ano envolvemos outros líderes da comunidade e estabelecemos uma diretória; com recursos de campanhas beneficentes pudemos fazer uma pequena reforma do prédio; implantamos uma biblioteca comunitária e estabelecemos um calendário de atividades que incluía campanhas, festas temáticas e reuniões da diretoria com o Rotary Club de Franca Novas Gerações. Além disso, cuidamos de isolar a mata ciliar e proteger as nascentes de água naquela enorme área que posteriormente viria a ser o parque Lupercio Taveira. Ao longo desses anos de parceria, coloquei-me como um interlocutor entre o Centro Comunitário e o clube, mesmo quando não ocupava o cargo de presidente. Se não é fácil mensurar uma iniciativa comunitária pelas pessoas que ela transforma de alguma maneira, é possível notar na evolução da estrutura predial - de como era em 2001 e como o deixamos em 2014 -, o tamanho da empreitada social ali desenvolvida por meio de parcerias público-privadas lideradas pelo Rotary. Porém, mesmo com dificuldade nos índices, posso elencar algumas das atividades desenvolvidas pelo clube e diretoria do Centro Comunitário, nas quais estive diretamente envolvido:
a. Curso de pedreiro (parceria com o SENAI)
b. Centro de Inclusão Digital (parceria com a Fundação Bradesco)
c. Cursos de informática e inglês (parceria com a ESAC)
d. Subsídio para compra de equipamentos de audiovisual
e. Biblioteca comunitária
f. Festas de integração comunitária anuais: no dia das crianças, no natal
g. Campanhas de arrecadação: quermesses, feijoadas, fogazzas
h. Campeonatos: bicicross, pipa
i. Academia de ginástica
j. Horta comunitária
2) Subsídio Equivalente para AMAFEM: este projeto, realizado no ano de 2007, viabilizou a compra de equipamentos, moveis e utensílios no valor total de US$ 14 mil, doados para a Associação Mão-Amiga de Amparo Feminino (AMAFEM), então uma importante entidade no amparo a mulheres adictas. Para a realização deste projeto, o Rotary Club de Franca Novas Gerações doou parte dos fundos, que foram complementados com parceria estabelecida com o Rotary Club da Portela (Portugal) e com a Fundação Rotária. Todos os trâmites deste projeto foram feitos por mim, com apoio de outros associados do clube e do distrito 4540, então dirigido pelo governador Nivaldo Alves.
3) Subsídio Equivalente para ESAC: este projeto foi resultado direto do intercâmbio que fiz nos Estados Unidos, em 1999, pois a parceria foi feita com o Rotary Club de Essex, tendo como interlocutora a Sra. Edith Klimoski, rotariana de quem me tornei amigo em Wisconsin. Por meio deste projeto, levantamos para a Escola de Aprendizagem e Cidadania o valor de US$ 13 mil, para trocar todos os equipamentos e moveis da sala de aula de informática da instituição. Neste projeto, realizado em 2009, o clube rotário local não foi o meu. Liderei o projeto para o Rotary Club de Franca, administrador da ESAC, que naquela ocasião era parceira no desenvolvimento de atividades no Centro Comunitário do Jardim Paulistano.
4) Fotografia no Rotary – em 2007, quando já estava estabelecido como fotógrafo, surge uma oportunidade de atuar no Rotary também como profissional da imagem. Naquele ano o governador distrital Adalberto Menegazzo, rotariano que se tornou meu amigo desde que servimos juntos, como governadores assistentes, em 2003/2004, me convida, ou quase desafia, a resolver uma questão relativa à fotografia para o distrito. O Guia Distrital é uma publicação anual que agrega todos os clubes, no qual é impresso a fotografia do presidente e do secretário. Coletar todas essas fotos, com celeridade e num padrão de qualidade e estética era um grande problema para a produção do Guia. Outro problema eram os registros fotográficos dos eventos distritais que, até hoje, acontecem periodicamente em diferentes cidades, inclusive fora de nosso distrito. Na falta de orçamento para custear um profissional exclusivo, as fotografias nesses eventos eram feitas por fotógrafos locais, na maioria das vezes sem a devida estrutura e sem o mínimo de conexão com os rotarianos e os procedimentos rotários. Apresentei uma proposta, em forma de parceria, na qual eu assumiria, com uma equipe, a produção das fotos para o Guia – montando um mini estúdio nos treinamentos -, aliado ao registro dos eventos com vendas das fotos impressas no local, num sistema “on demand” e equipamentos digitais, como forma de me remunerar. Esse sistema funcionou perfeitamente, de tal maneira que passou a ser adotado nos anos subsequentes, até hoje. Rotarianos de nosso distrito, que viajam e participam de eventos em outras regiões do país, atestam a inovação que implantamos e se tornou um diferencial na nossa imagem pública. Isto só foi possível pela conjunção de três fatores que procuro cultivar: criatividade, profissionalismo e espírito rotário.
5) Reconhecimentos: no Rotary damos de nós, sem pensarmos em nós! Entretanto, as boas atitudes são sempre valorizadas e reconhecidas. Inúmeros são os troféus e certificados que colecionei ao longo desses 24 anos de vida rotária, cada um registrando uma realização, seja ela uma palestra, um cargo ocupado, uma homenagem. Destaco, aqui, cinco deles:
a. Em 2003, recebi do Rotary Club de Franca Novas Gerações o título Paul Harris, uma homenagem pelos serviços prestados ao clube nos seus primeiros anos de fundação.
b. Em 2005, no centenário do Rotary International, fui agraciado com uma placa, concedida pela Câmara Municipal de Franca, com iniciativa do vereador Luis Carlos Fernandes, pelo meu trabalho realizado como Governador Assistente.
c. Ao ser instituído o “Dia do Rotariano Francano”, em 2008, fui o primeiro do Rotary Club de Franca Novas Gerações a ser agraciado com o certificado outorgado pela Câmara Municipal de Franca, na iniciativa do vereador Sargento Mambrini.
d. Em 2016, volto a ser homenageado no “Dia do Rotariano Francano”, desta vez pelo Rotary E-Club do Distrito 4540, sendo autor da homenagem o vereador Claudinei da Rocha.
e. Em 2019, fui homenageado no Dia Nacional da Fotografia, pelos relevantes serviços prestados ao Distrito 4540, no Rotary Club de São Joaquim da Barra.
UNIFRAN E VIDA ACADÊMICA
Motivo maior de minha mudança para Franca em 1986, neste ano de 2023 essa universidade ocupa posição central na minha vida e se configura como um dos motivos de orgulho por ter escolhido esta cidade para viver. Se lá me graduei, hoje nela eu atuo contribuindo para graduar outros. Ao me formar em 1988, tinha como certo que aquilo significava apenas uma etapa, pois tenho a convicção de que os estudos e o aprendizado devem ser uma constante na vida de qualquer pessoa. Assim, tão logo a Unifran abriu uma especialização latu sensu em Analise de Sistemas, em 1994, lá estava eu compondo a primeira turma. Se depois dessa formação parei de estudar, no sentido de formação acadêmica, expandiram-se minhas incursões em estudos informais ligados à música, literatura e artes visuais. Também estudei inglês e depois um pouco de espanhol. Para atuar como fotógrafo fiz cursos profissionalizantes e workshops na área.
Toda essa formação, formal e informal, serviu para moldar um profissional de fotografia que foi lembrado pela amiga Alessandra Campos, professora no curso de odontologia da Unifran, quando em junho de 2015 ela ficou sabendo de uma vaga para docente de fotografia no curso de Design Gráfico daquela universidade. Questionado se me interessava ser professor, alegrei-me e respondi que sim, afinal havia adquirido uma boa experiência ministrando treinamentos na AGABÊ, palestras e cursos no Rotary. Ser professor seria uma forma de aprimorar essas habilidades e contribuir para a formação de outras pessoas. Indicado pela amiga Alessandra para uma entrevista com a professora Ana Marcia Zago, coordenadora do curso, entrei com um portfólio e saí de lá com um plano de ensino de fotografia, para o qual eu deveria preparar aulas para o retorno após as férias de julho daquele ano.
E foi esse o início de uma jornada acadêmica que completou 8 anos em agosto deste ano. Tendo começado com uma única disciplina em um curso, hoje ministro oito (algumas no primeiro semestre, outras no segundo), em três cursos, sendo eles Design Gráfico, Publicidade e Propaganda e Jornalismo. São quatro noites da semana dedicados à docência. Mas, essa evolução exigiu muita qualificação, que adquiri e sigo buscando, com oportunidades de estudo dentro da Unifran e também fora de lá. A mais importante delas aconteceu em junho/2019 quando conclui um Mestrado em Linguística (ênfase em Argumentação e Retórica), com bolsa institucional da própria Unifran. Esta formação abriu, para mim, perspectivas como pesquisador na área da comunicação com vistas a um doutorado, que começarei em breve.
Outro fruto precioso do mestrado foi a transformação da dissertação defendida em livro, que publiquei em 2022 pela Editora Appris. Tendo como título “Por entre traços e cores: a Retórica do Design nos LPs da Tropicália”, considero este livro como o ponto alto da minha breve, porém intensa, carreira acadêmica. Por meio dos vários eventos de lançamento realizados neste ano de 2023, pude levar a diferentes públicos, em várias cidades do país, o resultado de uma pesquisa original produzida na cidade de Franca.
Ao finalizar esse breve roteiro de uma vida que soma 56 anos (quase 57), noto um percurso que me alegra muito. Ainda que com muitas dificuldades e esforço, não encontrei barreiras intransponíveis a qualquer uma das decisões que tive que tomar e me trouxeram até aqui. Pelo contrário, tive liberdade nas minhas escolhas, apoio de familiares e amigos, o respeito dos clientes e profissionais com quem atuei. Algumas coisas poderiam ter sido diferentes ou melhores? Não sei dizer, pois na minha vida adulta em Franca, assim como foi na infância na roça, tudo parece ter sido construído de forma orgânica, fluida e experienciada no seu tempo. Não tenho dúvidas de que ter escolhido esta cidade para viver contribuiu muito para essa trajetória, tanto que em nenhum momento cogitei morar em outro lugar. É o melhor lugar do mundo? É, porque é aqui a minha casa, que tanto eu quanto minha esposa consideramos o melhor lugar do mundo. Nunca medi o valor desta cidade pelo que ela poderia ter ou ser, mas tratei de aproveitar tudo o que ela é, desde a sua boa estrutura urbana até o espírito acolhedor de seu povo, não por coincidência constituído, em boa parte, por migrantes, como eu, das Minas Gerais. Ao me acolher e proporcionar oportunidades, não me restringi à dicotomia direitos/deveres. Procurei atuar de forma ativa enquanto cidadão, contribuindo com certos aspectos da vida na cidade, aqueles com os quais mais me identifico ou me sinto potencial colaborador. Assim, em retribuição às oportunidades de trabalho, atuo com voluntario em projetos sociais; pela educação que obtive, atuo como educador; pelas artes e pela cultura que tanto valorizo, atuo como agente apoiador e produtor cultural.
Sou um cidadão nascido na roça, nas Palmeiras, zona rural do município de São João Batista do Gloria/MG.
Sou um cidadão francano, porque aqui escolhi não apenas viver, mas dar sentido à vida que aqui acontece!
Vereadores
O vereador Ronaldo Carvalho (Cidadania) comentou ‘o Delzio é fotógrafo, também escritor, escreveu um livro recentemente e tem feito um trabalho muito importante na cidade de Franca no sentido da fotografia e na cultura, então, eu agradeço essa oportunidade de poder estar homenageando o Delzio. E também não posso deixar de dizer da Agda que é a esposa dele’
O vereador Marcelo Tidy (União) reforçou ‘Delzio Marques é um grande amigo, um cara que tem um trabalho social muito importante, trabalhou muito tempo no Calçados HB e foi pioneiro na questão da exportação, ajudou muito’
Projeto que cria FG para diretor da Escola do Legislativo aprovado por 2ª votação
E de autoria da Mesa Diretora foi aprovado em 2ª votação o Projeto de Resolução nº 07/2024 que dispõe sobre a criação da Função Gratificada de Diretor da Escola do Legislativo da Câmara Municipal de Franca, e dá outras providências.
A Escola do Legislativo (ELEFRAN) foi criada pela Resolução nº 586, de 09 de outubro de 2018. Exerceu, desde sua criação, mais de 18 (dezoito) eventos, de grande porte, de formação, capacitação voltados especialmente aos agentes políticos, servidores que se estenderam também à população, oriundos do Programa Interlegis, do Senado Federal, através de convênio desta Casa de Leis.
Os trabalhos da Escola do Legislativo foram retomados a todo vapor em meados de 2023, pós período pandêmico, e realizou, ao longo de 2023, 81 eventos, sendo 47 presenciais nesta Casa de Leis, que foram realizados no intervalo de 125 dias, sendo cursos de educação continuada (libras), empreendedorismo (curso do Sebrae), Terceiro Setor e foram realizadas diversas parcerias, através de Acordo de Cooperação Técnica com a Faculdade de Direito de Franca, UNIFACEF, Faculdade Metropolitana, UNESP, Senado Federal, Câmara dos Deputados, Escola Incubadora de Franca, Instituto de Ciência, Tecnologia e Inovação, Associação Brasileira de Escolas do Legislativo (ABEL) para que mais ações de cunho educacional sejam realizadas nesta Casa de Leis.
Com os podcasts, parlamentares passaram a trazer à discussão assuntos afetos a políticas públicas, com a presença de especialistas de cada área, sendo entrevistado, trazendo informações de utilidade pública a todos.
Ainda, com a execução dos Programas “Escola Vai ao Parlamento Aberto”, “Parlamento Aberto Vai à Escola”, em 2023, vereadores passaram a discorrer sobre Poder Legislativo e o papel do vereador ás crianças e adolescentes estudantes das instituições de ensino de nossa cidade.
Os parlamentares justificam ‘o mundo é dinâmico, nada é mais estático. O mesmo vale aos agentes políticos, que necessitam assimilar conhecimentos sobre ética, cidadania, Orçamento Público, Lei Orgânica, Códigos etc etc. Para isto, é preciso conhecimento, treinamento e capacitação permanente’
Vereadores questionam Prefeitura sobre contratação de agentes de vetores, piso da enfermagem e distribuição de cestas básicas
Ainda em pauta quatro requerimentos debatidos e aprovados sendo eles, o Requerimento 155/2024 de autoria do vereador Ronaldo Carvalho (Cidadania) questionando informações da Prefeitura informações sobre o concurso 05/2022, agente de controle de vetores.
O vereador Ronaldo Carvalho (Cidadania) disse ‘esse concurso já venceu, foi prorrogado e falta pouco tempo para vencer novamente. E a gente precisa dos agentes, tem como contratar esse pessoal e a gente não entende o porquê não se contrata. Esse requerimento vem de encontro com essa necessidade’
O vereador Gilson Pelizaro (PT) comentou ‘é um tema que venho batendo há algum tempo! A cidade de Sete Lagoas-MG tem 227 mil habitantes e 240 agentes e Franca tem 51. E aí a gente começa a explicar o número de casos de dengue, número de mortes e você não pode cobrar dos outros o que não pratica em casa. Não pode transferir a responsabilidade, 95% do salário e o 13º salário são pagos pelo Governo Federal. É só credenciar que o dinheiro vem, está lá! Não sei qual é a razão e o mistério? A gente não consegue sensibilizar a Administração Pública para trazer os agentes’
Aprovado ainda o Requerimento 160/2024 de autoria do vereador Gilson Pelizaro (PT) solicitando informações sobre a possibilidade de o Estado adquirir um aparelho Vitreófago ao Município de Franca.
Pelizaro lembrou ‘vergonhosamente a nossa cidade está na dependência de Ituverava para realização dos exames para quem precisa desse equipamento que cuida da questão dos exames de retina e outros exames oftalmológicos. E a cidade que é referência para mais de 23 cidades da região, depende de Ituverava’
Marcelo Tidy (União) parabenizou o colega Pelizaro pelo questionamento e comentou ‘nós temos quase 16 mil pessoas esperando cirurgias eletivas e aguardo que o Ministério Público nos ajude. A Câmara tem cobrado constantemente e o que acontece é quando uma instituição de Ituverava, Ribeirão Preto se credencia, é porque faltou credenciamento de uma instituição de Franca. Já fizemos várias indicações e requerimentos cobrando e espero que o Ministério Público chame as entidades fornecedoras de serviços’
Ainda do parlamentar aprovado o Requerimento 161/2024 questionando a Prefeitura informações sobre a implementação do piso salarial da categoria dos enfermeiros.
Pelizaro comentou ‘recebi alguns telefonemas de funcionários do Hospital Allan Kardec e nós votamos a adequação orçamentária para essa questão dos enfermeiros. Já faz um bom tempo, e até hoje não chegou para os beneficiários. Então, quero saber da Administração, o que está ocorrendo’
E também aprovado o Requerimento 162/2024 pedindo informações sobre a distribuição de cestas básicas através de cartões de crédito.
Pelizaro comentou ‘a munícipe Rosângela Valentino recentemente usou a Tribuna reclamando dessa questão que a demanda está altíssima na questão das cestas básicas e questionou a entrega desses cartões. Então, o requerimento vai no sentido da reclamação que ela fez aqui’
Câmara vota Moção de Aplausos ao campeão da Copa Super 8 do Varzeiro
E por fim os legisladores aprovaram a Moção de Aplausos 10/2024 à Família SDP (G.R.C.S Sociedade Desportiva Predinhos) do City Petrópolis pela conquista do título da Copa Super 8 de Futebol Varzeano.
Justificativa
Apresentamos à consideração do Plenário a presente Moção de Aplausos e Congratulações à Família SDP (G.R.C.S Sociedade Desportiva Predinhos) do City Petrópolis pela conquista do título da Copa Super 8 de Futebol Varzeano.
A Família SDP, time de futebol do City Petrópolis que participa de campeonatos varzeanos, é um exemplo a ser seguido. Sua diretoria cuida da área esportiva com muito carinho e dedicação.
Que Deus os abençoe e que continuem firmes nessa jornada.
Sendo assim, o legislativo francano concede justa homenagem apresentando essa Moção de Aplausos e Congratulações.
Vereadores
O vereador Carlinho Petrópolis Farmácia (PL) parabenizou o autor pela homenagem e destacou ‘temos grandes amigos lá e que fazem parte desse grande projeto. Não somente desse, mas tem várias outras equipes do Varzeano e outras modalidades esportivas. Eu, o Tidy, Donizete e Zezinho estamos sempre presentes em todos os campos da nossa cidade’
O vereador Marcelo Tidy (União) comentou ‘é o time que vinha lutando desde quando foram campeões da Série B do Varzeano e foi uma festa para comunidade do City Petrópolis. Depois vieram buscando reconhecimento e foram campeões contra um time que é muito organizado, então, cumprimento também o Rosen Boys que foi vice-campeão’
Claudinei da Rocha repudia demora para internação de pacientes em Franca
O vereador Claudinei da Rocha (MDB) em suas explicações pessoais ao final da 9ª Sessão Ordinária comentou sobre as dificuldades enfrentadas pelos munícipes que precisam de atendimento na rede pública de saúde.
‘É a revolta da população francana! Inclusive falei sobre a falta de leitos pela manhã, estou acompanhando um caso que está indo para cinco dias de espera, a família em desespero e isso gera revolta tanto da família quanto nos moradores da cidade’ lamentou.
Claudinei disse ‘eles entendem que se for para UPA e ter que aguardar o leito, vai esperar de três a cinco dias para internar e o paciente corre risco!’
‘Quero deixar aqui meu repúdio em relação a DRS VIII que administra, porque o médico faz laudo, manda ao DRS VIII aprova o laudo, faz o pedido de leito para a Santa Casa e quando chega lá não tem leito. O que a gente observa é que poderia mandar para outras cidades da região e isso não acontece’ concluiu.
Pelizaro enaltece serviços prestados em Barretos e sugere modelo para melhorias em Franca
O vereador Gilson Pelizaro (PT) em suas explicações pessoais durante o encerramento da 9ª Sessão Ordinária comentou sobre cumprimento de agenda ao lado dos colegas Della Motta e Marcelo Tidy no Hospital do Câncer em Barretos.
‘Nós vimos uma coisa em Barretos que acredito que são poucas as instituições no Brasil e talvez na América do Sul que é o Centro de Reabilitação, vai desde a confecção de próteses para as pessoas que já tiveram problemas oncológicos e também não oncológicos, e as pessoas com problemas oftalmológicos’ destacou.
Pelizaro ressaltou ‘nós vimos lá os equipamentos, tudo de primeiro mundo, a questão da robótica na recuperação física dos pacientes, uma máquina que tem duas no Brasil, a primeira foi de Barretos e a outra de Belo Horizonte que faz sob medida as próteses principalmente cranianas de crianças, adultos, é um negócio espetacular que nós vimos em Barretos’
‘Eu fiquei muito feliz de participar e saber que as pessoas que trabalham nesse Centro de Reabilitação são pessoas de Franca. O Daniel, que é o ‘Peixe’, uma pessoa muito querida na cidade, vinculado ao esporte, amigo do Tidy, amigo dos meus filhos, fiquei muito feliz de encontrá-lo lá e saber do tamanho do conhecimento que ele tem e o que ele desenvolve em benefício das pessoas. O Ângelo também uma pessoa que trabalhou junto ao Ministério da Saúde e que hoje vinculado ao Hospital do Amor faz um trabalho na DRS de Barretos’ enfatizou.
O legislador enalteceu o trabalho feito em Barretos no cuidado aos pacientes e reforçou ‘coisa de primeiro mundo, aí a gente valoriza de verdade o SUS, com cores terapêuticas que foram colocadas, não é aquela coisa cinzenta que o camarada vai procurar um lugar para ter um aconchego e encontra um ambiente hostil, lá não, lá é um ambiente extremamente agradável’
O vereador finalizou ‘nós podemos reivindicar o Centro Especializado de Reabilitação (CER IV) porque hoje Franca tem o Centro Especializado de Reabilização (CER II). Já tem um pedido em Brasília que está esperando agora a abertura da inserção dos projetos no Ministério da Saúde em torno de R$ 7 milhões, e a gente espera que Franca seja contemplada com a melhoria desse serviço, que não fique igual a de Barretos, mas que melhore muito a qualidade que nós temos aqui’ concluiu.
Zezinho critica falta de leitos e volta cobrar soluções na saúde
O vereador Zezinho Cabeleireiro (PP) em suas explicações finais durante a 9ª Sessão Ordinária destacou sobre a necessidade de melhorias na saúde pública.
‘É uma coisa que a gente sofre na pele, no dia a dia das pessoas que precisam de internação e não conseguem vaga, a gente manda mensagem para a Santa Casa eles só falam bom dia vereador!’ lamentou.
‘É incrível! Nós já montamos uma comissão na Câmara Municipal, entramos na Justiça conseguimos 55 leitos, mas esses leitos não aparecem. Fiz a Moção de Repúdio que chegou até o Governo do Estado de São Paulo e chamaram todos da Câmara para estar conversando para resolver o problema, para ver a onde estava a falha do sistema CROSS que hoje é SIRESP, mas também não resolveu nada’ lembrou.
Zezinho ainda reforçou ‘liberou- se as cirurgias eletivas, 35 mil cirurgias para Franca. Nós tivemos no DRS VIII um convênio com os hospitais das cidades vizinhas de baixa e média complexidade para ajudar os problemas da cirurgia eletiva, a Câmara Municipal liberou das impositivas muito dinheiro para cirurgias eletivas e até agora também não sai’
O legislador sugeriu ‘o jeito é fazer uma Moção de Repúdio de autoria coletiva envolver todo mundo que está no bolo porque não resolve o problema da área da saúde’
Tidy destaca Dia Internacional de Defesa dos Direitos das Pessoas Autistas
Em suas explicações pessoais ao final da 9ª Sessão Ordinária o vereador Marcelo Tidy (União) enalteceu o papel da Câmara e o trabalho dos colegas parlamentares na busca por soluções de problemas da cidade.
‘Desde o início do nosso mandato nós temos um olhar muito especial em defesa dos autistas, e hoje dia 2 de abril comemora-se o Dia Internacional de Defesa de Direitos das Pessoas Autistas’ lembrou.
Tidy destacou ‘nós temos que pensar nas crianças, nos jovens e no idoso autista, então, fica aqui o meu agradecimento a cada um dos colegas porque nós já fizemos inúmeras leis, reitero um pedido ao nosso prefeito, a secretária de educação Marcia Gatti, a secretária de saúde Waléria Mascarenhas um olhar muito especial’
‘Todas as pessoas deficientes que precisam da Câmara Municipal nós estaremos sempre à disposição’ concluiu.